Muitos tem me perguntado sobre o que são as Estruturas Libertadoras. Para ajudar no entendimento, traduzi um excelente artigo da @Lisa Gill sobre esse tema. O artigo é extremamente bem escrito e enriquecedor. Boa leitura.

O que são Estruturas Libertadoras?

E, como começar a usar Estruturas Libertadoras em sua organização ou grupo?

Estruturas Libertadoras são uma seleção de 33 estruturas alternativas para facilitar reuniões e conversas, com curadoria de Henri Lipmanowicz e Keith McCandless.

Qual é o valor das Estruturas Libertadoras?

Observando os eventos de grupos de pessoas, identificou-se cinco "microestruturas" principais: 1) apresentações 2) discussões e painéis de debate 3) reuniões de status 4) discussões abertas 6) brainstorms.

O problema das reuniões convencionais é que algumas são muito restritivas (é o caso de apresentações, discussões e painéis de debate, reuniões de status), ou pouco conclusivas (no caso de discussões abertas e brainstorms). 

As estruturas libertadoras ajudam a resolver essas limitações, pois, são projetadas para incentivar a gestão distribuída, envolvendo todas as pessoas na construção dos próximos passos. Os benefícios são: inovação, inclusão e participação, clareza e propósito e diversão ... você vai perceber isso quando experimentá-las. 

Você precisa ser um facilitador para usar Estruturas Libertadoras?

Não! Estruturas Libertadoras são muito simples e qualquer pessoa pode aplicá-las. Isso significa que elas podem se espalhar exponencialmente em uma organização ou grupo. Uma vez que você experimente uma delas, é muito fácil escolher as próximas. 

Todas as instruções sobre como executar as Estruturas estão no website e no livro. No website, selecione a guia LS Menu e escolha uma. Se, você for preguiçoso(a) como eu, e gostar de simplicidade, leia o objetivo na parte superior e pule para a etapa 5: Sequência de etapas e alocação de tempo.

Por onde começar?!

Recomendo começar com o livro para ter um contexto geral, mas vou dizer que a leitura não é das mais fáceis. O site é útil, mas também não é tão fácil de usar. A melhor maneira de aprender Estruturas Libertadoras é experimentá-las; portanto, se você puder encontrar um workshop ou uma reunião onde elas estiverem acontecendo, aproveite.

Uma maneira ainda melhor de aprender é praticar! Basta escolher uma e experimentar. Experimente! Existe ainda um aplicativo (disponível para Apple e Android) que ajuda a escolher com qual estrutura começar, e instruções simples de como executá-las.

E se você ainda tiver dúvidas sobre com qual Estrutura deve começar?

Saber com qual começar é importante. Todavia, qualquer uma delas será mais eficaz que uma microestrutura convencional. No entanto, aqui estão cinco Estruturas Libertadoras que usei regularmente para você começar.

1–2–4-All (12 minutos)

Você pode usar em qualquer reunião, conversa ou workshop com muita facilidade. Uma ótima maneira de envolver as pessoas ou discutir algo, especialmente se houver pessoas no grupo com tendência a ficarem quietas. A sequência é: refletir sobre algo (uma pergunta, um tópico, uma ideia) por 1 minuto individualmente em silêncio, depois discutir em pares por 2 minutos, depois em pares por 4 minutos e depois se reunir como um grupo inteiro e escolher alguns destaques de cada um dos quatro para compartilhar com todo o grupo.

Impromptu Networking (20 minutos)

É boa para iniciar uma sessão (kick-offs) com um grupo onde as pessoas não se conhecem muito bem. Essencialmente, ela cria duplas que compartilham rapidamente algo que eles querem dar ao grupo, algo que eles querem obter do grupo e uma pergunta que eles trazem com eles. Você terá três rodadas disso, uma ótima maneira de se aquecer, conhecer pessoas e ajudá-las a estabelecer uma intenção para sua participação.

TRIZ (35 mins)

Uma das minhas favoritas. Cria alta energia e diversão. Ela também ajuda a identificar as coisas que estão atrapalhando o alcance dos resultados desejados pelo grupo. Ela ajuda a “abrir os olhos” para grupos que se tornaram um pouco complacentes, estagnados. É boa para grupos que experimentaram alguma frustração com o trabalho. Eu facilitei essa estrutura com um grupo de diretores de RH do setor público. As risadas e a energia foram incríveis. Eles tiveram alguns “insights” sobre como eles deveriam mudar seus comportamentos a fim de incentivar as outras pessoas da organização a fazer o mesmo. 

Wise Crowds (15 minutos por pessoa)

Útil se você quiser explorar a criatividade e a inteligência de um grupo para resolver problemas ou gerar idéias. É um jogo simples de papéis (role play game), onde uma pessoa age como cliente e os demais como consultores. As regras do jogo, no entanto, definem que os consultores não podem impor suas opiniões (ser dominantes) e o cliente fica de costas, apenas ouvindo, e não influencia a conversa. Funciona muito bem quando se tem grupos com conhecimentos e experiências diversas. 

25/10 Crowdsourcing (30 minutos)

Se você está frustrado com um grupo que gera muitas idéias excelentes que nunca chegam a lugar nenhum essa estrutura pode funcionar muito bem. Uma maneira rápida de votar em possíveis idéias e explorá-las ainda mais. Após escolher algumas idéias, você pode usar outras Estruturas Libertadoras para se aprofundar nos detalhes, a fim de trazê-las à vida.

Quero usar Estruturas Libertadoras em uma reunião ou workshop. Como escolher as estruturas ideais?

Brinque um pouco com o Liberating Structures matchmaker. Ele ajuda a identificar um objetivo e o combina com uma Estrutura Libertadora. Você pode usar a ferramenta sozinho para estruturar o que chamamos de “cadeia” de estruturas. Ou pode usar em grupo para criar uma agenda. Para fazer em grupo, use 1–2–4-All para votar em quais estruturas (talvez começando com 4 ou 5) ajudariam a servir ao seu propósito. Você não precisa decorar todas as 33 estruturas libertadoras, eu não faço isso! Costumo usar matchmaker para escolher, e, depois, o livro para nos guiar naquelas que escolhemos.  

Algumas Dicas Finais

1. Fale o mínimo possível. Você pode apresentar a maioria das Estruturas Libertadoras apenas compartilhando o objetivo que os autores escreveram para elas. Quanto menos você fala, mais espaço você dá para os outros participarem.
2. Alguns dos “timeboxes” sugeridos vão parecer rápidos demais, mas tente observá-los. Se você precisar de mais tempo ou se aprofundar, faça outra rodada em vez de esticar uma etapa específica. Se você ficar sem tempo, é fácil cair na armadilha de uma discussão aberta e solta novamente.
3. Para gerenciar o tempo, especialmente em grandes grupos, eu geralmente uso sinos ou similares. Em grupos menores, uso um cronômetro na tela para que as pessoas possam ver quanto tempo resta. Essa é uma ótima recomendação de um participante de um workshop que realizei recentemente na Suécia.
4. Quando uma reflexão individual silenciosa for necessária, seja firme em aplicá-la - importante, especialmente para introvertidos!
5. Às vezes, pode ser útil deixar explicito algumas instruções importantes nos slides do grupo. Quanto menos palavras, melhor!
6. Preste atenção no espaço. Pense que as pessoas precisam ficar de pé se precisarem, ou sentar-se em pares. Considere antes quais materiais vai precisar, como post-its, flip chart, canetas e outros.
7. Tome posse das Estruturas. Com o tempo, você aprenderá quais você mais gosta e como prefere executá-las. Algumas pessoas gostam de dar todas as instruções com antecedência. Pessoalmente, tento mantê-las no mínimo. Por exemplo, com o TRIZ, prefiro dar as instruções pouco a pouco, porque sinto que isso inibe a criatividade das pessoas se elas souberem tudo o que está por vir.

Se você tiver alguma dúvida ou quiser conversar sobre o Liberating Structures, entre em contato com a autora no Twitter ou através do seu site (http://www.reimaginaire.com/). Também faço workshops de Liberating Structures em Londres e Estocolmo de tempos em tempos, então fique de olho nisso!